sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Jornal

Escorregou a palma da mão pelo caderno com os olhos entreabertos observou com minúcia o caminho das letras o acidente das linhas o acaso do código contraiu-esticou a folha com força haveria mil possibilidades naquele ruído seco amassou e chutou o papel desdobrava-se antes de cair no chão levantou foi até lá recuperar o papel com o qual fez um tubo para batucar na coxa com o auxílio dos pés esticou-o de novo nele limpou todo o suor e o choro do rosto olhou para a foto era do presidente então fez outro tubo para nele esconder a orelha ouvir sopro do ar encostar-afastar obter alternância entre vogais A e U engraçadinho passou dizendo ler o caderno de emprego que é bom nada né garoto ele sorriu sem olhar para o sujeito não havia por que responder já que aquilo não era pergunta afastou o tubo da orelha nele agora escondendo seus lábios ampliar o som de um solfejo improviso gritar vida desgraçada origami avião chapéu barco botou o caderno em ordem porque agora sim estava pronto para ler agora sabia de onde vinha por que vinha a notícia não haveria como ser enganado.


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